Judas versículo 11
INTRODUÇÃO
Este
pequeno versículo que escolhi para falar dele hoje apresenta três personagens
que tiveram destaque nas Sagradas Escrituras, mas que os seus exemplos nunca
devem ser seguidos por ninguém. Parece-nos desnecessário falar de personagens
que tiveram exemplos tão negativos, todavia, a Bíblia nos diz que: “Tudo isto
lhe sobreveio como figura e estão escritas para aviso nosso”. (I Co 10.11).
Quero, pois, traçar algumas considerações sobre o caminho de Caim, o engano do
prêmio de Balaão e a contradição de Core, destacando a vida de cada um deles.
Vejamos.
I – O CAMINHO DE CAIM (Gn
4.1-11).
O
nome Caim tem significação desconhecida: talvez ferreiro ou aquisição. Foi o
primeiro filho de Adão e Eva, Gn 4.1-11. Sua profissão lavrador. Com toda
certeza foi instruído no conhecimento dos preceitos de Jeová e nas exigências
para a prestação do seu culto. Mas o caminho que ele escolheu foi totalmente
oposto à vontade do Senhor.
1 – Teimosia (v 3)
A
teimosia de Caim é verificada na forma como ele vai oferecer ao Senhor a sua
oferta: “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma
oferta ao Senhor”. Não há dúvidas de que ele tenha sido orientado por seus pais
de que a oferta oferecida ao Senhor deveria ser o sacrifício de um animal,
pois, o derramamento de sangue representava a oferta pelo pecado e apontava
para o sacrifício vicário do Senhor Jesus. Caim trouxe apenas uma oferta de
gratidão, que não expressava qualquer tristeza pelo pecado. Claro que o Senhor
não aceitou, porque ele não aceita culto malfeito, aceitando, porém, a oferta
de Abel (Gn 4.4,5).
2 – Ira (v. 5)
Caim
irou-se única e exclusivamente porque o Senhor não aceitou a sua oferta e por
isto foi repreendido pelo Senhor: “E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste?
E por que decaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti?
E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta e para ti será o seu desejo e sobre
ele dominarás” (6,7). A ira é um sentimento que nos estimula contra quem nos
ofende ou injuria. Ira é também: cólera, raiva, fúria. Esse tipo de sentimento
conduz ao ódio que é rancor profundo e reservado que se sente por outrem. Ódio
é também inimizada, aversão antipatia. Tudo isto Caim sentiu contra Deus, mas
não poderia levantar-se contra Ele, isto é, contra Deus, por isso volta-se,
então contra seu irmão de quem Deus aceitara a oferta e cria pelo irmão um profundo
ódio, levando-lhe a maquinar um plano maldoso contra o irmão a fim de tirar-lhe
a vida.
3 – Homicídio Doloso (v. 8)
Doloso
é aquilo que é feito premeditadamente. Caim planejou a morte de seu irmão e o
fez. Simplesmente o matou para se vingar do Senhor, pois, o irmão não tinha
qualquer culpa de o Senhor não haver aceitado a sua oferta.
Diz
o salmo 42.7: “Um abismo chama outro abismo”. Tiago diz: “Ninguém sendo tentado
diga: de Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a
ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua
própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o
pecado; e o pecado consumado gera a morte” (1.13-15). Caim não tinha mais
remorsos, agora era um desviado, podia fazer o que bem quisesse.
Há
muita gente por aí que se desvia dos caminhos do Senhor e como que para afrontar
a Igreja vem para cá de qualquer maneira. Usam trajes indecentes, xortinhos,
vestidos ultra-decotados, saias por demais curtas, numa verdadeira afronta, não
simplesmente aos crentes, mas especialmente ao Senhor e ao seu Espírito Santo.
O pior de tudo é que estas pessoas muitas vezes são filhas de crentes que
estavam na igreja, não porque se houvessem convertidas, mas porque se sentiam
obrigadas pelos pais. Aqui em nossa igreja houve um pastor que sem qualquer
necessidade transferiu-se de igreja para uma destas que o indivíduo pode andar
vestido de qualquer maneira, logo depois este pastor passava por aqui na frente
da igreja vestido de bermuda e usando cavanhaque.
O
nosso culto deve ser feito pela fé em reverência e adoração ao Senhor nosso
Deus, A Bíblia diz que “tudo que não é por fé é pecado”, Rm 14.23. Há pessoas
que vêm para o templo única e exclusivamente para serem vistas. Não têm a menor
reverência, nem respeito diante de Deus, nem de sua palavra. Este tipo de culto
é semelhante à oferta de Caim, oferta sem proveito. O nosso culto deve ser um
culto agradável a Deus, conforme Paulo recomenda-nos na carta aos Romanos para
apresentarmos os nossos “corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus
que é o culto racional” Rm 12.1. Nunca devemos vir ao templo para andarmos com
brincadeiras e chocarrices, tão pouco para tratarmos de negócios, ou fazer
fofocas. O nosso culto deve seguir a seguinte liturgia: “Quando vos ajuntais,
cada um de vós tem salmo tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação”,
I Co 14.26.
Depois
de praticar o primeiro erro que foi a teimosia, Caim parte para o segundo que
foi a ira, depois de enveredar pela ira que o levou ao ódio, Caim pratica o
primeiro homicídio da história da humanidade e agora, já no último estágio de
sua miserável vida, Caim mente para Deus.
4 – A Mentira (v. 9)
Deus
aborrece a mentira. A Bíblia afirma que o mentiroso é filho do diabo, João 8.44.
Aqueles que almejam morar na cidade celestial, não podem viver mentindo, pois a
Bíblia afirma que “não entrará nela coisa alguma que contamine e cometa
abominação e mentira”, Ap 21.27.
Depois
de enveredar por um tão tortuoso caminho, Caim mentiu, quando o Senhor lhe
perguntou: “Onde está Abel, teu irmão”? “Não sei”, foi a sua resposta (v.9).
Deus sabia, pois, Ele sabe todas as coisas; conhece os nossos pensamentos e
todos os nossos caminhos, conforme registra o Salmo 139. Não adiante querer
esconder dele os nossos erros. O que a sua palavra exorta é: “Se confessarmos
os nossos pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda a injustiça” I João 1.9.
A
conseqüência da obstinação de Caim foi a maldição: “E agora maldito és tu desde
a terra que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão”,
(v.11).
Toda
pessoa desobediente entra pelo caminho da Caim e a recompensa é a maldição.
II – O PRÊMIO DE BALAÃO
A
significação desse nome é desconhecida; talvez devorador.
Balaão
era um adivinho ou profeta. Seu pai chamava-se Beor ou Bosor, Nm 22.5; II Pe 2.15.
Habitava na Mesopotâmia (Região entre o rio Eufrates e o rio Tigre).
Balaão
vivia entre os pagãos, mas cria no Deus vivo de quem tinha algum conhecimento.
Tratava-se de um homem de grande inteligência e sabedoria, e tinha a fama de
santidade. Era considerado um profeta, mas fazia negócios com os dons que
possuía o que era comum entre as nações. Hoje tem surgido muitos profetas
semelhantes a Balaão. Vivem por aí vendendo os seus dons por preços iguais aos
cobrados por Balaão: oram, mas cobram caro por isso. Quando comparecerem diante
do trono de Deus no Juízo Final, irão dizer: “Senhor, Senhor, não profetizamos
em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos
muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: nunca vos conheci;
apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” Mt 7.22,23.
Os
pecados de Balaão foram:
1 – A cobiça.
Balaão
cobiçou a recompensa prometida por Balaque para amaldiçoar o povo de Israel, Nm
22.7-20. Essa cobiça o levou à ganância.
2 – Ganância.
Ganância
é ambição, usura. É aquilo que não satisfaz; é desejo de ganhar muito. O
ganancioso só pensa em ficar rico e fará qualquer coisa para alcançar esse
objetivo.
O verdadeiro
crente não tem ganância, contenta-se com aquilo que Deus lhe deu, como diz
Paulo: “Aprendi a contentar-me com o que tenho”. Não foi isso que aconteceu com
Balaão: ele queria mais, e alcançou, mas não o que buscava.
3 – O Prêmio da Injustiça II Pe
2.15.
Balaão
ensinou a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem
coisas sacrificadas aos ídolos e se prostituírem com as filhas dos moabitas, Nm
31.16; Ap 2.14.
O
prêmio que Balaão recebeu foi exatamente a morte, quando combatia ao lado dos
midianitas, Nm 31.8.
Deus
não se deixa escarnecer, Gl 6.7.
III – A CONTRADIÇÃO DE CORÉ, Nm
16.1-50.
Coré
era um levita, isto é, pertencia à Tribo de Levi, filho de Jacó. O levita tinha
o privilégio de ser um escolhido para ajudar no serviço do tabernáculo, fazia o
papel do diácono e do presbítero de hoje. O principal pecado de Core foi a
rebelião. A Bíblia diz que “a rebelião é como o pecado de feitiçaria” (I Sm
15.23). Coré juntou-as a Datã e Abirã, ambos da Tribo de Ruben, obtiveram a
adesão de duzentos e cinqüenta líderes do povo e juntos desafiaram o sacerdócio
de Arão e a autoridade de Moisés nos assuntos civis. Quanta tolice! As pessoas
acham que a obra de Deus é feita com rebeldia. Puro engano. Para se pastorear
uma igreja precisa-se de chamada e esta vem exclusivamente de Deus. O castigo
aplicado aos líderes rebeldes foi serem sepultados vivos juntamente com suas
famílias, e aos aderentes, Deus castigou-os com fogo, isto é, morreram
queimados.
Judas
se refere a Core, como o tipo de líder religioso que procura usurpar a
autoridade legitimamente constituída.
CONCLUSÃO
Como
disse na introdução que tudo isso lhe sobreveio como figura e estão escritas
para aviso nosso, exorto a todos para que se desviem do caminho de Caim, pois,
ele foi um péssimo exemplo: teimoso, iracundo, homicida e mentiroso, esqueçam o
prêmio de Balaão, com ele estava a cobiça e a ganância; com isso ele conquistou
o prêmio da injustiça e com ele a morte. Devemos nos afastar de Coré, pois,
este rebeliou-se contra o líder espiritual e contra o líder civil e junto com
outros líderes procuraram provocar uma divisão na congregação, o resultado foi
serem todos castigado pelo Senhor.
Que
estes fatos aqui estudados hoje sirvam de exemplos para que não venhamos
cometer os mesmos pecados.
Que
o Senhor Jesus nos abençoes.
Samuel Lopes da
Silva.