INTRODUÇÃO.
A Bíblia relaciona alguns homens que tiveram um relacionamento especial com Deus. São homens que se destacaram por sua fé, sua justiça, santidade, sua obediência, enfim por suas práticas que agradaram a Deus. Alguns se destacaram de maneira especial, como Enoque que andou com Deus e foi trasladado para não ver a morte, Gn 5.24; Hb 11.5; Noé que Deus o tratou de justo, Gn 7.1; Abraão que foi chamado amigo de Deus, Tg 2.23; Moisés com quem Deus falava face a face Ex 33.11; Davi, que foi o homem segundo o coração de Deus; Jó por quem deu Deus testemunho, Jó 1.8 e outros que deixarei de citar para não se tornar cansativo.
Dentre o citados desejo traçar algumas considerações sobre o patriarca Jó, cujo nome significa “o perseguido” ou talvez o penitente. É pessoa histórica, como aprendemos em Ezequiel 14.14 e Tiago 4.11, e morava em Uz, ao norte da Arábia deserta.
Era um patriarca gentio, a quem Deus se revelara, e que por isso era adorador em potencial de Jeová. Se Abraão foi chamado “amigo de Deus”, Jó é declarado, perante as hostes celestiais, o servo de Deus sobre a terra.
I – VIRTUDES ESPECIAIS DE JÓ (1.1).
Na verdade Jó era um homem de virtudes especiais, conforme nos declara o versículo 1 do primeiro capítulo do livro que tem o seu nome. Vejamos:
1 – Sincero. Ser sincero é ser franco, isto é não usar de meias palavras. É ser leal, verdadeiro, etc. Esta era uma qualidade de Jó: a sinceridade. Todo crente que quer agradar a Deus usa de sinceridade, nada faz pela metade.
2 – Reto. Retidão é integridade de caráter. Jó era isso, tinha um caráter integro. Sabe o que é ser íntegro? É ser inteiro, completo incorruptível. Quero que em cada palavra que estou interpretando aqui, você faça um auto-exame para ver se está enquadrado nela.
3 – Temente a Deus. Jó era um homem sábio, pois, a Bíblia diz que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”, Pv 1.7. Temor, na verdade não é medo, é sentimento de respeito ou reverência. Quantas pessoas não têm a menor reverência ao Senhor. Chega no templo na hora do culto e não respeita nem o local que se encontra, tão pouco o ato que se está ministrando, não leva em conta a presença de Deus naquele local. Jó era temente a Deus.
4 – Desviava-se do mal. Esta era uma quarta virtude que Jó possuía. Além da sinceridade, da retidão e do temor, Jó procurava afastar-se do mal, Sl 1.1.
As qualidades de Jó perante Deus eram tão salientes, que o próprio Deus quando interrogou Satanás a respeito de Jó, perguntou-lhe se havia observado o seu servo Jó e acrescentou: “porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal” 1.8; 2.3
.
Jó foi colocado em pé de igualdade a Noé e Daniel, Ez 14.14. Vejamos as qualidades desses dois servos do Senhor em Gn 7.2 e Dn 1. 17.
II – JÓ NA PROSPERIDADE 29.2-17
Jó era um homem rico. Possuía sete mil ovelhas, mil bois, três mil camelos e quinhentas jumentas. Era pai de sete filhos e três filhas e tinha um grande número de empregados a seu serviço.
Por se tratar de um homem íntegro e verdadeiro adorador de Jeová, gozava da proteção divina conforme vemos no capítulo 29.
1– Gozava da proteção divina, (2-5). Deus o guardava. O segredo do Senhor está com os que o temem.
2– Tinha prosperidade material (5,6). As crianças o rodeavam e havia abundância no lar.
3 – Era respeitado como magistrado, sentado à porta da cidade, v.7. Os moços o honravam e até os velhos levantavam-se-lhe com respeito.
4 – Era conhecido pela sua benevolência, (11-16). Ajudava os pobres; protegia as viúvas; socorria cegos e coxos.
5 – Com toda a sua benevolência exerceu o juízo (14-17). Os malvados sentiam o peso da sua mão. A justiça e a retidão eram para ele como manto de diadema.
III – JÓ NA ADVERSIDADE 1.6-21.
Jó, entretanto, apesar dessa sua vida íntegra, foi visitado pelo mal. O capítulo 1.6-13 fala que Satanás, inquirido pelo Senhor a respeito da vida íntegra de Jó, respondeu que Jó só era íntegro porque Deus o cercara de bens e havia abençoado a obra de suas mãos e que se Deus lhe tirasse os bens blasfemaria dele (10, 11) pelo que o Senhor permitiu que o inimigo destruísse todos os bens de Jó.
1 – Os sabeus (povo de um país chamado Sabá, situado no sudoeste da Arábia. Era desse povo a rainha que visitou Salomão) invadiu a propriedade de Jó e tomaram os bois e jumentas e feriram os moços, 14, 15.
2 – Fogo do céu queimou as ovelhas e os moços, 16.
3 – Os caldeus tomaram os camelos e feriram os moços, 17.
4 – Um furacão vindo do deserto deu nos quatro cantos da casa, onde os filhos de Jó estavam fazendo uma festa e derrubou a casa matando a todos os presentes, 18, 19.
A Bíblia diz que apesar de tudo isto “Jó não pecou”.
Satanás, porém, não se dá por vencido e faz uma nova investida, pois, ele nunca fica satisfeito enquanto não vê o crente totalmente arrasado. Mas ele não sabe o que Deus tem reservado para os seus filhos, por isso insiste em nos tentar e investir contra nós.
Ao retornar a Deus e ser inquirido por este sobre a sinceridade de Jó, mesmo tendo destruído todos os seus bens, usa o seguinte argumento: “Pele pó pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida”. “Estende, porém, a tua mão e toca-lhe os ossos, e na carne e verás se não blasfema de ti na tua face”, 2.4, 5. Deus, então coloca Jó na mão de Satanás, recomendando-lhe, porém, que poupasse a sua vida, 2.6.
Satanás feriu a Jó duma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.
Jó enfrenta além da perda de seus bens, a morte dos filhos, sofrimentos físicos e morais: físico pelo sofrimento do corpo e moral pelo fracasso espiritual da esposa , que lhe manda amaldiçoar a Deus e morrer e por fim pela acusação dos amigos.
De tudo isto aprendemos que Satanás, quando Deus permite, pode empregar até as forças da natureza para nos atingir.
IV – CONTUDO JÓ NÃO PECOU. 1.22; 2.10.
A razão que levou o Senhor a permitir Satanás destruir os bens de Jó foi provar a Satanás, que possuindo ou não bens, Jó permaneceria fiel, 2.3. Hoje tem aparecido escritos que dizem que o sofrimento de Jó foi em razão de ele não ser dizimista e outros que até pregam que Jó era religioso, porém não conhecia Deus. Isto é verdadeira heresia, pois, o próprio Deus afirma ter sido incitado por Satanás contra Jó, “sem causa”.
Apesar de tudo isto, Jó procedeu de maneira correta ante a adversidade. Ele desconhecia a causa da perda de seus bens, da morte dos filhos e do seu sofrimento. A consciência não o acusava de erro algum que houvesse cometido contra Deus.
As catástrofes vieram-lhe de surpresa, não houve profecias dizendo para Jó se preparar para elas.
Uma única coisa Jó possuía, uma fé inabalável em Jeová, 19.25-27. Esta fé levou-o a proceder da seguinte maneira apesar das catástrofes que lhe abateram:
1– Humilhou-se, rasgando seu manto, raspando a cabeça e adorando com o rosto na terra dizendo: “bendito seja o nome de Jeová”, 1.20, 21.
2 – Confessou que tudo quanto possuía lhe fora dado por Deus, logo Deus tinha o direito de retirar o que era seu 1.21.
3 – repreendeu a esposa pela bobagem que ela falou dizendo que ela falava como uma desvairada.
CONCLUSÃO
A Bíblia não informa por quanto tempo Jó permaneceu doente. Mas pela permanência dos amigos que ficaram lhe atormentando, parece ter sido por poucas semanas. O fato é que Deus provou para o inimigo que Jó lhe seria fiel em quaisquer circunstâncias, por isto retribuiu a Jó o dobro de tudo quanto antes ele possuía 42.10.
Assim faz Deus ao homem fiel.
Paulo escrevendo aos Romanos diz que pela fé temos acesso à graça na qual estamos firmes e então nos gloriamos nas tribulações que produz a paciência, que produz a experiência, que produz a esperança, Rm 5.1-5. Com isto aprendemos que:
1 – Satanás só ataca crentes fiéis – Remédio I Co 15.57.
2 – Ele ataca muito mais aos crentes dizimistas do que os não dizimistas. Sabe por que? Para o crente desanimar e deixar de pagar os dízimos e, com isso não receber as bênçãos do Senhor, mencionadas em Ml 3.10.