A UNIDADE DA IGREJA - Fl 2.1-11

INTRODUÇÃO.

O mundo vive ultimamente, como sempre viveu, em completa discórdia. Isso leva-nos a concluir que está cumprindo-se a palavras do Senhor, escritas no Evangelho segundo escreveu Mateus no capítulo 24.7: “Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino...”. Na verdade tudo isto é um prenúncio do cumprimento da promessa do Senhor Jesus de que voltaria para levar os salvos consigo. Em meio tanta confusão, tanta discórdia, tanto desentendimento, tanta contenda entre os povos, surge um povo, que eu diria especial, a Igreja. Essa Igreja precisa ser o exemplo, pois, no dizer do apóstolo Paulo, o povo foi unificado pelo Senhor Jesus, que derribou a barreira da separação existente entre judeus e gentios, formando um só povo. Sobre a unidade da Igreja é desejo traçar algumas considerações.

I – SÓ HAVERÁ UNIDADE NA IGREJA, QUANDO OS PRÓSITOS DE TODOS FOREM OS MESMOS.

O que é propósito? Segundo o dicionário da Barsa, propósito é, 1) Intenção, intento. 2) Resolução, deliberação, decisão. 3) Bom senso, juízo, prudência. Intenção é o próprio fim a que se visa. Quando se diz que proposto é o próprio fim a que se visa, está se dizendo que quando há unidade, todos estão indo na mesma direção visando o mesmo objetivo. Os versículos 1 e 2 do texto lido, fazem referência a isso. Vejam “Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixão, completai o meu gozo para que sintais o mesmo”. O mesmo o que? O mesmo gozo. “Tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa”.
A Igreja nunca cumprirá o seu propósito, enquanto tiver no seu seio, pessoas que só sabem observar os erros dos demais; nunca ver nos outros algo positivo; só enxergam os deslizes, as falhas; nunca olham para as boas coisas praticadas pelos companheiros. Estas pessoas esquecem que todos os homens são falhos. João na sua primeira carta 1.8, diz “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”. A grande vantagem que temos é que temos “um grande sumo sacerdote sobre a casa de Deus”, Hb 10 21, e este grande sumo sacerdote, nos garante o perdão, 1ª. João 1.9.
Se todos os crentes trabalharem com o mesmo propósito, a igreja tomará outra posição. O principal propósito que a Igreja precisa colocar como prioridade é a salvação do mundo. Acontece, porém, que existem muitos crentes que ao invés de ajudar na fé aqueles mais fracos, agem de forma tão estranha que ao invés de fortalecer o fraco, contribuem para que ele deixe a Igreja. No texto lido Paulo fala que “se há alguma consolação de amor”. O que é consolação? É conforto, alívio, lenitivo.
Ter o mesmo propósito é isto: Trabalhar em prol do crescimento do Reino de Deus na terra. Lutar para construir e não para destruir.

II – SÓ HAVERÁ UNIDADE NA IGREJA QUANDO TODOS OS CRENTES AMAREM-SE MUTUAMENTE.

O texto lido diz: “tendo o mesmo amor” (v. 2). O que Paulo está cobrando aqui é o equilíbrio no amor. “Não eu amo Fulano porque ele tem mais dinheiro e é um ‘mão aberta’”, ou eu abraço Beltrano porque ele é mais bonito, ou eu cumprimento Siclano, porque ele é mais alegre. Não. O amor tem que ser igual para com todos, Mt 22.39.
Uma igreja onde os crentes vivem de mexericos (mexerico é bisbilhotice, enredo, intriga), de diz que me disse, caluniando, falando mal, não é uma igreja que tenha unidade. No texto está escrito: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”. (v. 3).
Não. Eu vou mostrar para o pastor que sou melhor que aquele cara, que faço melhor; que canto melhor; que prego melhor. Não é isso que o Senhor Jesus quer. Pelo contrário, Ele quer que amemos uns ao outro, João 13.34.
O salmo 133.1 é muito claro: “Oh! Como é bom, como é agradável viverem unido os irmãos”! “Ali o Senhor ordena a sua bênção”.
Precisamos viver uma vida de amor, de respeito pelos direitos dos demais. A Igreja precisa crescer, horizontal e verticalmente. Horizontalmente ela cresce quando eu e você agimos com amor não só entre os irmãos, mas para com os perdidos, buscando-os, e dando exemplo de humildade que é esta a recomendação do apóstolo; verticalmente quando busca através da oração e estudo da Palavra de Deus, uma vida de santidade e de união entre os irmãos.

III – SÓ HAVERA UNIDADE NA IGREJA QUANDO OS CRENTES IMITAREM O SENHOR JESUS. (v. 5-8).

Como imitar o Senhor Jesus?

1 – Na humildade, v. 6. “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus”.
O texto se desenvolve de forma extraordinária, fala que Cristo aniquilou-se (aniquilar é reduzir a nada; anular. Destruir, matar. Deprimir, prostrar. E privar das condições de existência. É abater-se, humilhar-se) a si mesmo tomando a forma de servo (do grego doulos, palavra usada como substantivo indicando frequentemente sujeição sem a idéia de escravidão. A palavra é também usada metaforicamente como condições espirituais morais e éticas: servo de Deus, aí vem a aplicação de Paulo em relação ao Senhor Jesus “tomando a forma de servo” sendo ele (Jesus) o exemplo perfeito do servo de Deus), “fazendo-se semelhante mãos homens”.

2 – Na obediência (v. 8) “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz”.
Como pode uma igreja ser unida se os crentes são desobedientes? A obediência é uma forma de união: União no lar, filhos obedientes aos pais; união no trabalho empregado obedientes ao patrão ou ao líder; união na igreja, obediência ao pastor e demais líderes, tais como regentes de orquestras. de conjuntos vocais, líderes de mocidade, etc. Havendo obediência haverá união, logo, manter-se-á a unidade da Igreja.
A carta aos hebreus nos dá o maior exemplo de Cristo, Hb 10.7-10.

CONCLUSÃO.

A Igreja tem que ser diferente do mundo em tudo: no seu viver, no seu serviço, na sua santificação, na sua esperança e também na sua unidade.
O mundo está dividido, as nações se separam entre si, há lutas internas nos países, pois, o homem sem Deus disputa as posições altas da política, da profissão. Há até no meio evangélico aqueles que estão disputando as mais altas posições. São crentes que já compraram o seu céuzinho aqui e não lembram mais que foram chamados para ter direito a uma morada celeste. É exatamente por causa desse esquecimento que as pessoas disputam as melhores posições, sem importar-se de ofender esta ou aquela pessoa e, então com tal posição ao invés de contribuir para o crescimento da igreja contribui para ao desânimo e queda espiritual de muitos crentes.
Que o Senhor tenha misericórdia de nós.
Juiz de Fora, 2010.
Samuel Lopes da Silva.

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