DEUS CUMPRE OS SEUS PROPÓSITOS Jr 1.12.



INTRODUÇÃO.

        Propósito é: Intenção, intento. Resolução, deliberação, decisão.
        Hoje, durante a minha viagem de regresso de Belo Horizonte, estive pensando na história de Moisés o homem que, segundo a Bíblia, libertou o povo de Israel da escravidão do Egito, Ex 12.37-51. Eu não estava preocupado com  a história de Abraão, nem com a história de Isaque, tão pouco com a história de Jacó, mas com o cumprimento da promessa de Deus feita a Abraão.

        Observando a forma como Deus age para cumprir os seus propósitos temos a impressão de que há um processo muito complicado, quando poderia ser bem mais simples, pois, tratando-se do Todo-Poderoso, bastaria uma determinação e pronto, tudo ficaria resolvido. Mas não é assim, haja vista a forma que Deus usou para libertar os descendentes de Jacó do Egito. Prestemos a atenção: trezentos e cinqüenta anos já completara que os filhos de Jacó habitavam no Egito. Durante o governo de José, o penúltimo filho de Jacó, o povo viveu às mil maravilhas. Possuíam a parte melhor da terra, criavam os seus animais, prestavam o seu culto a Jeová. Tudo parecia um sonho, até que José faleceu e também faleceu o rei que favorecia o bem-estar do povo. Segundo o relato do Êxodo, capítulo 1.6-8, José e seus irmãos já não mais existiam e seus descendentes se multiplicaram e se fortaleceram, logo isso se tornou uma ameaça para o povo do Egito, conseqüentemente, o rei que não conhecera José resolveu cobrar tributos e afligir o povo. Como isso não surtiu efeito, pois, o povo mais se multiplicava, este foi, isto é, o povo foi colocado na situação de escravos, Ex 1.9-14.

        A vida de José foi de 110 anos Gn 50.22. Quando assumiu o governo do Egito, José era da idade de 30 anos, isso significa que ele governou o Egito pelo espaço de 80 anos. Não sabemos quanto tempo passou desde a sua morte até que veio o governo desse rei que não o conhecera, mas podemos aproximar os cálculos. Vejamos: 430 anos o povo viveu no Egito Ex 12.40. José faleceu com 110 anos, tendo assumido o governo com a idade de 30 anos, logo governou 80 anos. É provável que o rei que não conhecera José tenha passado a reinar 10 anos após a morte de José, isto significa pelos nossos cálculos, que o povo viveu como escravo no Egito 340 (trezentos e quarenta) anos, num total de quatrocentos e trinta anos ali vividos, considerando-se que 90 (noventa)  corresponde 80 (oitenta) anos do governo de José e 10 (dez) após a sua morte.

Para libertar o povo, Deus precisava de um líder, mas é provável que não existisse no meio daquela gente alguém preparado para aquela missão. Por isso quando o povo já amargava 260 (duzentos e sessenta) anos de escravidão nasceu uma criança da tribo de Levi que Deus resolveu prepará-la para conduzir o povo para Canaã: Moisés o qual recebeu esse nome por haver sido tirado das águas Ex 2.10. Moisés teve três períodos em sua vida:

I – PRIMEIRO PERÍODO DE PREPARAÇÃO GERAL

        Isto em princípio lembra que Deus jamais envia qualquer pessoa para uma missão sem antes prepará-la. Pois a obra é Dele. Neste ponto gosto de citar Paulo quando disse aos filipenses que havia aprendido a contentar-se com o que tinha e em todas as coisas estava instruído Fl 4.11,12. Moisés aos três meses foi enviado para a casa de Faraó e ali teve início a sua aprendizagem. Diz Estevão no seu discurso que por um período de quarenta anos ele foi instruído em toda a ciência do Egito At 7.21-23. Não poucas vezes perguntamos: Será realmente necessário toda essa preparação para enviar um irmão para o campo missionário, ou para dirigir uma congregação? E por que não? Deus não precisa de super-homens com super-poderes que resolva tudo na base da força. Deus precisa de homens preparados e cheios de seu poder para que a glória seja dele. Assim foi que Davi venceu o gigante Golias I Sm 17.32-47.

        Moisés agora era doutor nas ciências do Egito, formado, vivendo uma vida de príncipe. Aqui, todavia, há uma coisa que muito nos admira: Moisés não esqueceu os ensinamentos que recebera de sua mãe hebréia, tão pouco esqueceu os seus irmãos escravos, por isso resolveu visitá-los e chocou-se quando viu um dos seus maltratado, tomando as dores vindo a matar o agressor. Bem, muitas vezes dizemos que Moisés tentou ajudar Deus quando assassinou o egípcio. Será que foi isso mesmo ou Deus criou esse motivo para afastá-lo do Egito? Pensemos bem: se não houvesse aquele motivo teria Moisés se afastado dali? Moisés já tinha o conhecimento preliminar, os pré-requisitos para se tornar líder do povo, mas isso não era tudo. Precisava de uma segunda parte e, então poderia passar para a terceira que seria a libertação. Então vem o segundo período de sua vida:

II – SEGUNDO PERÍODO: A PREPARAÇÃO ESPIRITUAL

        Claro que o hebreu que Moisés defendeu matando o egípcio, não ficou de boca calada, mas no outro dia todo mundo já sabia do acontecido, chegando a notícia ao próprio rei que procurou matar Moisés. Informa-nos Estevão, que Moisés por sua vez, pensava que o povo entenderia que Deus lhes havia de dar a liberdade por sua mão, At 7.25. Na verdade Deus não envia ninguém sem preparo, razão porque incitou Faraó para ameaçar Moisés fazendo este fugir para Mídiã Ex 2.15,16; At 7.29. Em Mídiã, apesar de Moisés nada conhecer, Deus já havia preparado o local onde ele deveria passar outros quarenta anos, aprendendo no trabalho duro e na mansidão e submissão das ovelhas. Assim observando o dia a dia daquele rebanho, Moisés aprenderia a lidar com o povo que haveria de pastorear. Foram quarenta anos de aprendizagem. Quarenta anos de quebrantamento de coração. É isso que diz o salmista: Deus não despreza um espírito quebrantado e um coração contrito e quebrantado, Sl 51.17. Moisés ali estava, o mesmo Moisés do palácio que tudo tinha. Que não necessitava trabalhar para comer, precisava aprender no trabalho pesado, sob o sol causticante, lidando com animais para se tornar manso a fim de poder guiar o povo de Deus. É assim que Deus age.

        Quarenta anos se passaram At 7.30. Depois do nascimento de Moisés a escravidão ainda durou oitenta anos. Mas um dia, mais um dia na rotina de Moisés, tudo muda, pois sua aprendizagem já estava completa. Deus então o envia de volta para o Egito. Agora já não um Moisés precipitado, neófito, mas um Moisés idôneo, maduro, e cheio do Espírito de Deus, com poderes sobrenaturais, está de volta ao Egito não para voltar ao palácio, mas para liderar o povo de Deus.

III – TERCEIRO PERÍODO: LIBERTAÇÃO E LIDERANÇA.

        De volta ao Egito, Moisés se dirige ao povo e comunica-lhe a resolução de Jeová. O povo agora crê que Moisés era enviado Deus. Agora não questiona como fez antes de sua fuga para Mídiã Ex 2.13,14. Moisés agora tem passaporte livre, tem identidade de Jeová, possui autoridade. Era questão de tempo e o povo sairia. Convencido o povo, a tarefa agora seria convencer o rei que de imediato disse não mesmo vendo os sinais que Moisés lhe mostrara. Não foram poucas as tentativas de Moisés e Arão junto a Faraó para que este libertasse o povo, também não foram poucas as negativas de Faraó, mas tudo estava nos planos do Senhor que desejava os egípcios pelos castigos aplicados sobre o seu povo. Finalmente, após a morte de todos os primogênitos do Egito o povo foi despedido e liderado por Moisés partiu com destino a Canaã. Esse período da vida de Moisés também durou quarenta anos e foi cheio muitas alegrias, mas também de muitas angústias. Durante a jornada Deus sempre esteve com ele ajudando-o na condução do povo. Sem dúvida, Moisés enfrentou um povo rebelde e desobediente. Não poucas vezes o povo murmurou contra o servo de Deus e até contra o próprio Deus. A desobediência chegou a tal ponto que certo dia Moisés recebeu ordem de Deus para falar a uma rocha a fim de esta jorrasse água, mas em sua ira Moisés feriu a ronha, Nm 20.7-13 e isto custou-lhe um alto preço:não entrou na terra Prometida.

CONCLUSÃO.

        Assim foi a vida de Moisés. Cento e vinte anos bem vividos. Terminou a sua carreira quase que às margens do Rio Jordão. Não pode atravessá-lo porque Deus o recolheu. Oxalá pudéssemos tomar este santo homem de Deus como exemplo em tudo o que fazemos, nunca esquecendo de que cada passo de nossa vida deve ser dirigida pelo Senhor. Deus tem os seus propósitos e os cumpre da maneira que deseja, como diz o profeta Jeremias no versículo que li no começo deste estudo: “Eu velo pela minha palavra para a cumprir” Jr 1.12.

Que o Senhor Jesus nos abençoe.

 Pr. Samuel Lopes da Silva.

Mensagem pregada na Sede em Juiz de Fora no dia 21 de fevereiro de 2012.





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